Curti minha adolescência na segunda metade da década de 80. Época em que eu lavava o carro do meu pai para poder dar uns rolês no sábado a tarde e os carros menos potentes tinham motor 1.6.
De lá para cá, muita coisa nos carros evoluiram. O afogador sumiu, os motores diminuiram na cilindrda mas mantiveram a potência e a eletrônica embarcada aumentou de forma significativa.
Comecei a sentir o drama das mudanças quando fui de carona ao litoral. Meu amigo tinha um moderníssimo gol gti. Um carro lindão, azul metálico com um borrachão prateado na parte inferior da carroceria. Na tampa do porta malas ficava o ostensivo logotipo GTi, com o "i" em vermelho. Esta simples letrinha "i" causava admiração e inveja, sendo muitas vezes "violentada" por donos de carros carburados que colavam o tão desejado "i" com a nobre intenção de aumentar suas chances de sucesso sexual.
Mas voltando a minha viagem a praia... No meio da alegria, o painel do carro começa a exibir uma luz de alerta, indicando problemas na injeção eletrônica. O carro engasga e o meu amigo tenta chegar no acostamento. Por sorte conseguimos estacionar e o carro morre de vez...
Abrimos a tampa do motor e, ao invés de um carburador, vemos uma caixa preta misteriosa. Nesta época não era comum ter contrato de seguro com socorro mecânico e guincho.
Olhamos um para o outro, sem saber o que fazer... Se o carro fosse carburado, poderíamos tentar enfiar um arame no giclê, soprar nas borboletas ou até mesmo lixar o cachimbo do distribuidor... Mas aquela caixa preta, com cabos para todos os lados não parecia tão amigável assim...
Fizemos a única coisa possível: desligar o carro, esperar alguns minutos, "xuxar" os cabos que se conectavam na caixa preta e rezar. [Hoje em dia eu vejo que este já repeti este procedimento muitas vezes com os computadores.]
Por sorte nossa, o carro ligou e conseguimos seguir viagem.
Com a injeção eletrônica popularizada, a alegria de fazer um carro pegar no tranco está se tornando uma prazer em extinção.
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