A vida de quem dá aulas garante muita saia justa, risadas e estressadas que, no final, acabam compensando. Lembrei de um aluno que ficou devendo uma dependência, também conhecida como DP, e foi o único que apareceu no primeiro dia de aula.
Aproveitando que estávamos a sós, ele começou a chorar nota e queria garantir o famoso "meio ponto" no final do semestre, caso fosse necessário. Tentei argumentar que o primeiro dia de aula não é o dia mais indicado para chorar nota. Ainda para uma situação hipotética que só aconteceria em alguns meses.
Apesar da fase de negociações, ele continuou insistindo para eu passar algum trabalho que garantisse este maledetto meio ponto, em caso de necessidade, no fim do semestre. Para acabar logo com a discussão, propus que ele copiasse todo o livro texto e, para minha surpresa, ele aceitou prontamente.
Eu não acreditei e, para fazer a ficha dele cair, pedi que ele fosse à papelaria e comprasse o caderno universitário com a maior quantidade de folhas que ele encontrasse. Não acreditei quando ele saiu da sala e voltou com o caderno tinindo de novo.
Tentei, mais uma vez, mostrar a insanidade do que ele estava propondo e pedi para ele numerar as 100 primeiras folhas para não existir a possibilidade de ele arrancar nada durante o semestre. Ele se preparou e numerou ferozmente as cem primeiras folhas do caderno.
Vendo que ele não desistiria do trabalho, pedi para ele copiar as três primeiras filhas do capítulo 1 para eu usar de controle da letra dele e evitar outras pessoas pudessem ajudar. Ele nem piscou para começar a copiar o texto.
Ao final da aula, vistei as folhas que ele havia manuscrito e combinei que vistaria o caderno toda semana para poder acompanhar a evolução do trabalho que valia um possível meio ponto.
Eu não conseguia acreditar quando ele me apresentava sua evolução semanal para eu vistar, naquele ritual insano de verificar se ele havia copiado o livro sem pular páginas.
Com esta cópia insana ele acabou estudando, ficou com média final 9.5 e não precisou do meio ponto para passar. Até estranhei que ele veio me agradecer e não pediu o meio ponto para fechar com média 10. Espero que ele tenha aprendido a estudar.
2 comentários:
vc usou uma tática muito inteligente! só faltou chamar o aluno de pequeno gafanhoto, mestre. :)
ah, também é uma tática senhor miyagui, né? "pinta cerca encera carro, aprende karatê". LOL!!
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